Círculo de leitura

16-10-2018 17:57

A etiqueta (Tantra)

Às vezes são surpreendidos por exigências de etiqueta e de protocolo.
Nas artes e filosofias orientais a etiqueta e o protocolo têm um relevo muito grande e respondem a necessidades funcionais. E podem ser observados em termos de ordem, que se prende com dois dos grandes significados do Tantra: regulado por regra geral e a maneira correcta de fazer algo. Em termos de respeito e em termos de atenção. Se não estivermos atentos não conseguimos aprender, nem concentrar a mente nem chegar ao samádhi. Estes três aspectos permitem-nos desenvolver sobriedade, discrição, vigilância e humildade. Pois, as nossas atitudes durante a etiqueta devem ser sóbrias, discretas, vigilantes e humildes.

A ordem

Se se seguirem as normas de etiqueta, a ordem manifesta-se no Ashram tanto no aspecto espacial, como no individual, como no próprio grupo. Por exemplo, a utilização correcta do espaço do vestiário, a utilização correcta dos sanitários, o respeito pelos horários das aulas, tanto por parte dos instrutores como por parte dos alunos, são expressões dessa ordem, interna e externa. O contrário impede-nos de respirarmos um ambiente de ordem que deveria ser próprio de um Ashram.
A distribuição dos alunos, em aula, de acordo com o seu nível de evolução e de graduação, é expressão dessa ordem e facilita a relação espacial entre estes e o trabalho do instrutor. Por outro lado, a distribuição espacial dos alunos não só reflecte a ordem externa existente no Ashram, como também contribui para que os alunos se sintam motivados para a aprendizagem para poderem chegar ao nível seguinte. Mas isto implica que os instrutores tenham essa atitude presente e de modo permanente.

O respeito

Traduz-se no pújá, mas também no cumprimento das restantes regras do Ashram que versam sobre:
-como utilizar o vestiário, como ocupar pouco espaço com a roupa de cada um;

-como evitar por os pés calçados em cima de almofadas que estão nos bancos nos vestiários;

-como fechar a porta quando alguém vai à casa de banho e como a fechar depois de ser utilizada;

-como deixar os chinelos alinhados na parede para entrar na sala Bhávajánanda;

-como cortar as unhas;

-como lavar-se antes do início de uma aula;

-como trazer uma pequena toalha para ir limpando o suor durante a prática;

-como esperar que o Mestre e a Chakrêshwarí sejam servidos no início de uma refeição comunitária;

-como deixar a sala arrumada e a loiça lavada depois de cada uma das festas;

-como deixar o Ashram totalmente operacional às sextas-feiras à noite, depois da aula do Mestre;

-como saber o seu lugar na sala de prática, durante a prática, durante o lanche, num jantar comemorativo, num restaurante, numa ida ao teatro, a um cinema, a um museu, a um concerto, numa ida à praia, quando posamos para uma fotografia, pois os mais adiantados que estejam no momento têm o seu lugar sempre mais perto do Mestre, ou do instrutor mais graduado que esteja presente;

-como na organização dos lugares, seja na sala de aula, seja na praia, ou no restaurante, os participantes devem sentar-se junto do Mestre ou do instrutor mais graduado que esteja a orientar o evento de modo polarizado. Sendo que a polaridade começa pelo Mestre ou pelo instrutor de maior hierarquia que esteja presente;

-como todos os instrutores e praticantes devem cultivar santôsha, alegria, mas evitando fazer ruídos ou gestos abusivos ou falar alto no Ashram, sobretudo quando estão a decorrer aulas;

- como todos os instrutores, alunos e visitantes devem descalçar-se antes de entrarem na sala Bhávajánanda, a sala de prática.

-como todos os instrutores, praticantes e visitantes devem andar calçados até à beira dos tapetes da sala Bhávajánanda. Nunca andando fora do tapete descalços. Por isso, devem usar chinelos e estes devem ser azuis escuros.

-como ao entrar na sala não se deve deixar os chinelos junto dos do Mestre ou dos do instrutor de mais elevada hierarquia que esteja responsável pelo evento (aula, curso, etc). Deve sempre deixar-se livre o espaço em frente à porta para os chinelos do Mestre ou do instrutor de mais elevada hierarquia que esteja presente. Os chinelos devem ficar com a parte de trás virada para a sala.

-Como quando se entra na sala Bhávajánanda aguarda-se que o instrutor chegue e inicie a aula, sentado numa posição de meditação e em Shiva mudrá ou, a praticar ásana.

-Como quando o Mestre entra na sala Bhávajánanda também todos os presentes devem interromper as suas actividades e devem recebê-lo indo cumprimentá-lo.

-Como também nos eventos exteriores, quando o Mestre chega os mais adiantados devem orientar os mais novos no sentido de todos interromperem o que estão a fazer para receberem o Mestre.

-Como os tapetes devem ser limpos antes e depois dos eventos como cursos, sat chakra e outros. Assim como a copa e os utensílios que tenham sido usados, deixando tudo limpo, lavado e arrumado.

-Como os instrutores não devem deixar nenhuma dessas tarefas para o Mestre. E os instrutores de menos hierarquia não as devem deixar para os de mais elevada hierarquia. E os alunos graduados devem assumir a maior parte das tarefas dos instrutores.

-Como a senescal deve atender o Mestre e assisti-lo não o deixando sozinho, seja nas aulas, nos eventos, internos ou externos.

Estas manifestações de respeito traduzem a atitude que o sádhaka tem para consigo mesmo e para com os restantes membros do Ashram e permitem-lhe evoluir na interiorização dos valores que são próprios da Nossa Cultura.

A atenção (Ávadhana)

A atenção é necessária para a boa utilização do nosso corpo, da nossa mente e das nossas emoções. E é uma aprendizagem para a vida. Tudo o que fazemos na vida necessita de atenção. Ter atenção às normas, gestos e atitudes da etiqueta é uma forma de constantemente o yôgin a educar.

O controlo

O cumprimento das normas exige um constante controlo do nosso corpo e da nossa mente, que vai adquirindo diferentes níveis à medida que vamos avançando no Yôga. É uma disciplina indispensável e constante.

Mestre João Camacho

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