Sankalpa, Labirinto, Consciência
06-09-2015 19:09
A metodologia da Nossa escola devemos segui-la diariamente. Shrí DeRose chegou, em tempos, a referir que para fazer o ashtánga sádhana bastariam oito minutos por dia. Um minuto por anga. Claro que se lhe dedicarmos mais tempo, melhor. Mas a ideia é a de promover a prática diária. E esta deve ser seguida com ritmo e rotina. Com tudo o que isso implica na vida de cada um de nós. Para tanto necessário é determinação. É necessário sankalpa (intenção), e bháva (o sentimento, a dedicação, a entrega, aquilo a que nos determinamos, aos objactivos que estabelecemos), para que se alcance pránutana - a ascensão da kundaliní. E claro que a vida continua à nossa volta e nós nela. É esse o caminho do tântrico. É esse o seu labirinto. É o caminho que o pode fazer perder-se, são as "solicitações" da vida. O brahmachárya, isolado na montanha, dentro da caverna, o que tem para o distrair e para o afastar do caminho delineado? Apenas as suas pulsões internas e as ondas mentais, os vritti, os vásana, os samskára. Nada mais. Não tem a casa para arrumar, um filho para cuidar, um trabalho pelo qual tem que responder, nem a comida faz, pois até esta lhe é facultada pelo mosteiro a que está ligado. O brahmachárya deve praticar abstinência sexual. Mas na caverna onde se encontra isolado, onde estão as mulheres que o possam tentar? Tudo se passa na sua mente?
Já o tântrico, em termos mentais, em termos dos turbilhões da consciência, tem os mesmos e depois todas as outras solicitações que acima referi e ainda muitas outras mais. Mas isso não deve impedir o tântrico de procurar a disciplina do quem quer fazer o percurso. E, se analisarmos bem, em toda a liberdade que o tântrico tem, ainda necessita de maior disciplina. Pois tem de trilhar o caminho escolhido, apesar de, em cada momento, poder escolher todos os outros, ou qualquer um dos outros. E as "tentações" às vezes são muito fortes.
Não obstante a liberdade, esta deve ser exercida, como expressão da consciência elevada e evoluída, na procura do caminho que escolhemos.
Um dia li um texto de alguém que, após ter transmitido a sua mensagem, concluiu, dizendo: morria se não o dissesse. No meu caso não será exactamente isso, mas devo continuar a mostrar-vosoutros horizontes, outras formas de ver, de olhar, às vezes contra aquilo que se tinha como certo, como aceitável, como padrão de referência. É uma consequência da evolução, do alargar horizontes, do sair, como referi num dos comentários anteriores, da zona de conforto. Há que "derrubar barreiras".
João Camacho