Yôga em Férias - Visita á Quinta da Regaleira

31-07-2017 11:53

 Yôga em Férias - Visita á Quinta da Regaleira  
O que poderei eu dizer sobre a extraordinária vista á Mansão Filosofal Portuguesa, realizada ontem sob orientação do nosso querido Mestre João Camacho. Tamanha sabedoria nas suas palavras, a cada pormenor um simbolismo, uma explicação. Não foi de forma alguma uma visita turística, foi uma viagem aos tempos antigos, uma viagem ao nosso interior, onde surgiram diversas sensações e a informação absorvida, e principalmente a experiência vivida no Poço Iniciático, foi de tal ordem intensa que será difícil descrever.
No inicio do séc. XX Carvalho Monteiro, ajudado pelo arquitecto italiano Luigi Manini, conseguiu construir na sua quinta de 4 hectares, o Palácio, os Jardins, os Lagos, as Grutas, o Poço Iniciático, a Capela, e tudo o que nela podemos ainda hoje observar com grande beleza no coração da enigmática Serra de Sintra.
Todos os lugares da Quinta escondem significados relacionados com a Alquimia, Maçonaria, Templários, recorrendo a mitos e símbolos que evocam a arquitectura romântica, neogótica e influencia Manuelina. Seria impossível identifica-los e interpretá-los sozinha. Foi extremamente enriquecedor “olhar e ver” a Quinta com toda a verdade com que foi vivida naquela época.
E porque todos os lugares da Quinta vão dar ao Poço Iniciático, aqui se deu uma das mais fortes e poderosas experiências vividas até hoje. Á medida que descia os 27 metros em 9 patamares que constituem esta torre invertida, a energia fazia-se sentir cada vez mais intensa. Ao chegar ao fundo do Poço, ao centro da Cruz Templária inscrita na roda de oito pontas, as pernas quase tremem mas o sentimento é de tranquilidade. Olho para cima, para o céu, e ainda assim sinto-me bem cá em baixo. É neste momento que a Professora AnaBela começa a vocalizar um mantra e todos nós a acompanhamos. Tudo se transformou naquele instante. Como disse o nosso Mestre João Camacho, o fogo interno foi atiçado como por faísca com aquele mantra. Apenas com uma prática de Yôga se fez despoletar todo aquele poder. Não conseguia tirar os olhos da Professora, um fortíssimo sentimento de admiração, como se a reconhecesse naquele momento. Fecho os olhos, e aqueles minutos podiam durar a eternidade. Senti-me remetida a outros tempos e o sentimento de pertença aquele lugar é forte demais. Aquieto-me e sinto-me segura. Abro os olhos e já tinham todos saído. Não quero ir embora, quero ficar ali sozinha e em silêncio. Talvez tivesse a ser cumprido o meu processo iniciático. Mas se a descida ao poço é uma descida aos infernos, ao confronto com a nossa sombra porque razão estava eu segura, em paz e não aterrorizada? Porque razão o sentimento de pertencer aquele lugar foi tão intenso, de tal forma que não queria subir aos céus? Era uma contradição, pensei para comigo mesma. Mentalmente tive de forçar a subida porque se queria ascender, se o grande objetivo é a evolução, o retomar á luz e aos céus tinha mesmo de continuar de subir. Á medida que ia subindo a vontade de chorar foi-se intensificando, como se de uma despedida se tratasse. Estava a ser mais difícil subir que descer, outra contradição. Cá em cima a emoção ganhou força, estavam todos á minha espera e eu não queria mesmo sair dali. Mas tinha de ser. Não consegui conter as lágrimas, foi um descarregar energético enorme. Abraçada é minha Professora, as pernas tremiam e quase perdi as forças. Foi sem dúvida uma experiência marcante, sentida tão intensamente que por mais descrição que tente fazer, são processos e experiências muito pessoais.
Percebi depois, que talvez não tenha descido aos infernos, talvez esse processo já o tenha feito anteriormente, ontem o processo talvez tenha sido marcado pelo retorno ao útero materno, outro simbolismo oculto neste poço. O útero representa a nossa origem, onde estamos seguros, onde durante nove meses estamos ligados unicamente á nossa mãe e de onde é difícil sair. Na experiência dolorosa do parto um Ser nasce para uma nova vida, desconhecida, desprotegida, onde terá de aprender tudo. Fazendo referencia ao nosso Mestre João camacho, “(…) o grande objetivo deste poço é proporcionar a morte do iniciado e o seu retorno à luz como um ser completo que conhece as suas contradições. É um rito de morte ligado á terra que é mãe, o retorno ao útero materno de onde provém a vida (…) Os subterrâneos são um mundo feminino. Por isso algo ficará em gestação. Que esta morte tenha sido feita e que algo de muito luminoso esteja por acontecer. Uma nova vida, Um novo caminho.
Introspeção, partilha mas principalmente algum silêncio e aquietamento interno depois desta experiência. Os portões da Quinta estavam já fechados, mas com a certeza de ali voltar um dia com uma outra visão, uma outra experiência.
Agradeço a todos, e especialmente ao nosso Mestre João Camacho por ter proporcionado esta maravilhosa visita ás origens profundas do nosso ser. Se assim não sentíssemos, estaríamos apenas a fazer turismo. Swásthya
LP

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